segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

China e o confronto cultural... Parte I

Em 2006, e na minha primeira grande aventura, rumei à China.
Este país do qual já tinha ouvido falar por diversas razões, era, naquele momento um destino real.

Parti sozinho, ao contrário do que inicialmente esperava, numa viagem longa, passando em Londres antes de me despedir do Ocidente. Era uma viagem que duraria cerca de 2 meses e meio, e que me iria proporcionar um enriquecimento pessoal extraordinário.

Após aproximadamente 12 horas de võos e esperas, cheguei ao aeroporto de Pekim. Aí sim, realizei, pela primeira vez, que tinha "embarcado" numa viagem que era, para mim, extraordinária e ao mesmo tempo assustadora. Chegado a Pekin, tudo me parecia bem organizado e facilmente cheguei à porta de desembarque dos vôos domésticos, mais precisamente para Hangzhou (a sul de Shanghai).

Até aqui tudo bem!

Esta minha viagem visava aprimorar os meus conhecimentos na àrea da Medicina Tradicional Chinesa, praticando em meio hospitalar esta técnica milenar.

Após mais 2 horas de vôo aterrei em Hangzhou. Este foi um vôo caricato, onde me encontrei, pela primeira vez, num pequeno avião recheado de chineses.

Cheguei finalmente ao destino final, ou quase fina...

Próximo objectivo seria chegar ao Campus universitário onde iria ficar. Para que isto fosse possível, tinha comigo um simples papel com a morada da Faculdade, tanto em Pinyin como em mandarim, assim como um número de telefone da pessoa responsável por mim na faculdade. Foi então aí que comecei a entender que a China não é um país comum...
Dirigi-me a um taxi e desde logo ele me ajudou a arrumar as malas, com algumas palavras em mandarim. Mostrei-lhe o papel com a morada e ele começou a andar falando comigo em Chinês. É claro que não entendia nada do que ele dizia... Mais tarde entendi que estava a negociar comigo um valor para a viagem. Tive de concordar (e não fui muito enganado), quase chegando ao Campus universitário, e depois de passar pelos arredores, assustadores, de Hangzhou, chegamos à Bin Wen road, a avenida onde se situava a minha última paragem. No meio de algumas exitações acabei por parar na porta de uma faculdade com uns guardas que de forma fria me disseram que "sim" (acho que não entenderam nada, e simplesmente fizeram um gesto com a cabeça a confirmar a morada, para que não fizesse mais perguntas).

À hora que cheguei, cerca das 5/6h locais, os edifícios estavam todos fechados, as aulas tinham acabado, e as ruas do campus universitário estavam cheias de jovens em direcção às suas habitações (fora do campus). Tentei desde logo falar com a tal
senhora que não me atendeu, fiquei um pouco nervoso uma vez que não existiam indicações em inglês e alguns dos alunos com quem tentei esclarecer-me, não entendiam nada do que dizia, acenavam apenas na direcção do edificio administrativo, onde acabei por ir.
Entrei nesse edificio que mais parecia abandonado, aí sim, desesperei... Voltei a sair do edificio e tentei mais uma vez falar com a minha representante, que desta vez atendeu e me pediu que nos encontrassemos na entrada da faculdade.
No meio da multidão acabei por ver uma rapariga que se dirigia a mim, acompanhada por uma amiga. Comprimentamo-nos e foi então depositar-me no edifício onde os alunos estrangeiros (que naquele período existia em número reduzido) e os alunos chineses com altas posses, ficavam a dormir.
Deu.me as chaves do quarto, levou.me até lá e disse até amanhã...

Foi talvez a pior noite da minha vida....
Entre o jetlag e a incerteza do dia seguinte, passei uma noite inesquecível.


Dia 2

Dia algo estranho, onde com alguns receios e acompanhado pela mesma rapariga, me foram apresentados alguns edificios, entre eles o da cantina, onde entrei e me "increvi" para poder comer. Mais uma vez ela lá me deixou ali meio perdido no meio daquela multidão que começa a almoçar às 11h da manhã (sim porque o pequeno almoço começa às 6/6h30), para que podesse então almoçar. Lá recorri ao meu instinto de sobrevivência, pegando num prato pedia aos cozinheiros, apontando para os alimentos que me pareciam mais apetitosos, com isto tinha de fazer mais uns gestos (que mais tarde percebi que era para escolher a quantidade) e entregar o cartão que me tinha sido atribuido (para que me retirassem o dinheiro). Lá me fui sentar numa mesa vazia e comecei a comer.
De repente no meio daquela confusão, naquele estranho mundo onde me encontrava, comecei a ouvir a língua portuguesa, levantei os olhos e confirmei que não estava a delirar, parecia-me uma casal de brasileiros...
Logo me levantei e me apresentei. Conheci então o Marcio Sampaio (mais tarde meu colega de quarto) e uma aluna chinesa de raízes brasileiras. Foi a minha salvação, a partir desse momento tudo mudou.
Sabia que podia comunicar com alguém, que am caso de problema, de aperto, não estava abandonado, descobri, de forma bruta e fria, que a companhia e a comunicação são muito importantes.

Os dias que se seguiram foram mais luminosos, comecei a disfrutar a minha aventura, conhecei os "meus" interpretes" (alunos que falavam um pouco de inglês), que me traduziam o meu estágio clínico nos diversos hospitais que percorri.
Os que mais me marcaram foi a Xu lin, uma mulher sóbria e tímida, que sempre me ajudou e aturou nos momentos de stress que vivia aqui e ali; o segundo Xiao min, um jovem alundo cujo o Inglês se tranformava por completo quando ousava utilizá-lo comigo, era uma pessoa estasiante. Cómico, desageitado e muito simpático. Destes dois amigos, certamente nunca mais me irei esquecer...













Visitem http://kaladarshan.arts.ohio-state.edu/ é um extraordinário site, com muitas fotografias, muita informação sobre a China e não só...

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